É inverno, mas os termômetros estão marcando mais de 30ºC. As roupas de lã estão quase esquecidas nos armários. Os casacos leves desfilam por aí só por precaução. Comparando-se os três últimos anos, a média das temperaturas está mais alta neste mês de agosto. E, desta vez, o calorão ainda veio acompanhado do tradicional Vento Norte, que deve permanecer por aqui, com as temperaturas altas, pelo menos, até quarta-feira. As chuvas só devem retornar na segunda quinzena de agosto, assim como os dias mais frios, que não serão tão rigorosos como nos invernos passados, segundo os especialistas.
Mas o que tem provocado tanto calor, durante tantos dias? Gil Russo, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) afirma que todo o ano, em algum momento do inverno, os gaúchos vão passar por um veranico.
Todo ano, o inverno tem dias de temperatura alta, que os gaúchos chamam de veranico. E, neste ano, ele chegou em agosto explica Russo.
Altas temperaturas seguirão até o fim desta semana no Estado
O meteorologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Luiz Kondraski de Souza, explica que, geralmente, o calor é registrado em maio ou junho. No entanto, ele afirma também que, apesar de não ser comum, é possível registrar temperaturas mais altas no mês de agosto:
Este bloqueio atmosférico, que impede a chegada de uma frente fria, provoca um ar mais quente e mais seco em direção à Região Central do Rio Grande do Sul e provoca os ventos. Isso sempre acontece em algum momento do inverno, neste ano, ocorreu em agosto. Para o final do mês, há previsão de chuvas, e as temperaturas devem baixar, mas é uma frente fria fraca.
Segundo os especialistas, só se pode afirmar que este é o inverno mais quente quando a estação acabar. No entanto, já é possível dizer que a média das temperaturas do mês de agosto, até agora, é a mais alta dos últimos três anos.
Neste ano, sim, agosto está sendo mais quente, em média, de 4ºC a 5ºC do que os anos anteriores. As estações do ano estão mudando nas duas últimas décadas e temos tidos temperaturas mais altas do que antes explica Souza.
El Niño: o responsável pelo calor e pela chuva
O meteorologista Gil Russo, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), atribui ao El Niño a responsabilidade pelo calorão fora de época. Antes das chuvas, previstas para a segunda metade do mês, as temperaturas se elevaram. Neste ano, elas têm durado mais tempo, por causa de um bloqueio atmosférico, que impede que a chuva chegue ao sul do Brasil por causa do calor. Se a chuva não chega no Sul, não chega em quase nenhuma parte do país:
O fenômeno El Niño é o aquecimento das águas equatoriais do Oceano Pacífico. Ele influencia nas temperaturas do mundo inteiro, em cada região, de forma diferente. Para nós, ele influencia especialmente com o Vento Norte e noroeste.
A má notícia é para que aqueles que, antes do calorão, foram castigados pela forte chuva. A previsão é de precipitações intensas para o mês de agosto, embora os meteorologistas ainda não digam quantos milímetros.
Todo este tempo sem chuva é bom para muitas pessoas, principalmente para aquelas que tiveram as casas inundadas pela água dos últimos temporais. Também é bom para algumas culturas de plantio. Para outras, que dependem da chuva, é ruim, pois altera a produção. Até o final do mês, deve chover mais e é provável que ocorra alagamentos em alguns locais do Estado, mas isso ainda pode mu"